sexta-feira, 26 de maio de 2017

I Seminário Interno: Sociedade Filosófica da Quarta-feira


O evento é uma iniciativa do Grupo de Estudos Sociedade Filosófica da Quarta-Feira, que se reúne assiduamente às quartas-feiras, às 16:30h, no Núcleo de Pesquisa e Extensão em Filosofia (NUPEF) do Centro de Formação de Professores - UFRB, coordenado pela Prof.ª Dr.ª Geovana da Paz Monteiro. A proposta do evento é abrir o diálogo com a comunidade do CFP acerca das questões morais e religiosas, a partir do pensamento de dois autores extremamente relevantes para a contemporaneidade, quais sejam, Bergson e Freud. 

Abaixo é possível conferir os resumos das comunicações a serem apresentadas e a programação do evento:

RESUMOS

Deise Kássia Correia Cabral [A MORAL DO MÍSTICO EM BERGSON] Elucidaremos nesta comunicação, conceitos da filosofia de Henri Bergson que nos direcionam direta e indiretamente à moral do místico. Faremos essa investigação através da análise da obra As duas fontes da moral e da religião (1932). Analisaremos a moral mística, a qual é retratada por Bergson como um dos pontos chave desta grande obra, haja vista ter sido o último e não menos importante de seus escritos. Indagaremos então o sentido da experiência mística a partir do olhar bergsoniano. Por fim, através dessa pesquisa pretendemos identificar e compreender o fundamento da intuição mística para a necessidade da conquista da liberdade nas sociedades abertas. Com isto, verificamos o quanto as ideias de Bergson se relacionam e reaparecem em suas obras, confirmando assim uma unidade em seu pensamento. Tal unidade revela o quão importante e vívida se faz sua filosofia na contemporaneidade.
Palavras-chave: Bergson, moral, religião, místico.

Diego Grecco Pereira [PSICOPATIA E NEUROSE: dois caminhos de um pensar filosófico dentro do campo literário] Esse trabalho tem um papel distinto de alguns outros que poderíamos ter o prazer de conhecer, tais como em meios impressos, em debates ou simplesmente na tela de um computador. Procuramos aqui, por meio da literatura, diferenciar o que se entende por neurose e psicopatia, proporcionando a seleção de características de dois campos do conhecimento, a saber: de um lado, a psiquiatria e do outro, a filosofia. O desenvolvimento textual do nosso trabalho acontece por um conto intitulado Roda-gigante, escrito pelo autor desta comunicação, enfatizando, através dos personagens, os elementos essenciais de cada conceito, para assim possibilitar debates os mais amplos sobre o tema. A história é retratada em dois tempos e com dois protagonistas, Flaviane e Erick, mãe e filho. Aparece também na trama um psiquiatra recém-formado chamado Frederico. Através de um enredo instigante, revela-se no conto um tipo de moral e também uma maneira peculiar de conclusão das discussões propostas ao longo da narrativa.
Palavras-chave: Psicopatia, Neurose, Literatura, Filosofia.

Eliene Ferreira dos Santos [OBRIGAÇÃO MORAL E CONFLITOS RELIGIOSOS: um olhar bergsoniano] A história nos mostra que guerras, fanatismo, violência, preconceito e tirania são, muitas vezes, feitos humanos justificados e amparados por ideias religiosas. Diante do exposto, abordaremos em que medida a religião pode ser compreendida como uma ferramenta social mal utilizada por boa parte da população mundial para preconizar ideias equivocadas, na busca desenfreada de alguns pelo poder. Como fundamento de nossas discussões, vamos dialogar com o filósofo francês Henri Bergson, tendo como suporte principal a obra As duas fontes da moral e da religião (1932). Neste livro, Bergson irá se posicionar a respeito da moral e da religião do ponto de vista de que ambas se completam. Segundo o filósofo, embora a religião possa se realizar de duas maneiras, uma estática e outra dinâmica, ambas trazem em si mecanismos de regulação para o agir humano civilizado. Ainda segundo Bergson, a religião dinâmica pode “permitir” uma moral mais aberta, e quem sabe promover atitudes menos coercitivas, criando assim uma sociedade mais justa, no sentido de agirmos não só por obrigaçao.
Palavras chaves: Religião; Moral; Humanidade; Conflitos; Sociedade.

Eliene Macedo Silva [MEMÓRIA E ESQUECIMENTO: breves considerações sobre os pensamentos de Agostinho e Freud] A presente comunicação tem por objetivo elucubrar sobre as coincidências que perpassam os pensamentos de Santo Agostinho e Sigmund Freud no que tange à questão da memória e do esquecimento.  Mesmo estando as suas formulações filosóficas separadas por quinze séculos, não precisamos empenhar muitos esforços para encontrar pontos convergentes entre as suas teorias. Os dois pensadores estão de acordo tanto em afirmar que a memória é uma grande força e não só um mero depósito inerte de experiências do passado, quanto ao pontuar que o esquecimento é uma grande potência, e não um simples acaso.  O suporte analítico para o desenvolvimento deste trabalho está ancorado na leitura do escrito Sobre a Psicopatologia da Vida Cotidiana, de Sigmund Freud, datado de 1901, e do Livro X das Confissões, de Santo Agostinho, datado de 398.
Palavras-chave: Agostinho, Freud, memória, esquecimento.  

Geovana da Paz Monteiro [A MORAL DO RISO EM BERGSON] Na obra O riso (1900), o pensador francês, Henri Bergson, destaca insistentemente a função social do ato de rir. Trata-se ali de um ensaio acerca da comicidade, mas o filósofo parece desde então, trinta e dois anos antes da publicação de seu último livro, As duas fontes da moral e da religião, imbuído de grande curiosidade direcionada ao comportamento humano em sociedade. Vemos assim que o riso é um elemento que contribui para a correção dos comportamentos quando Bergson afirma ser o ato de rir ferramenta de ajuste social. Movidos pelo rastro bergsoniano, buscaremos nesta comunicação abordar alguns aspectos que apontem desde O riso para uma análise futura dos dois tipos de moral que somente veremos esclarecidos na obra de 1932. Em resumo, averiguamos neste breve estudo se haveria no livro sobre a comicidade elementos embrionários da crítica de Bergson à moral da pressão e à estrutura fechada das sociedades em paralelo à manutenção das normas e padrões do comportamento coletivo.
Palavras-chave: Riso; Moral; Sociedade Fechada; Bergson.

Rosa Ilana Santos [A FUNÇÃO SOCIAL DA RELIGIÃO ESTÁTICA NO BERGSONISMO] Esta comunicação tem como intuito apresentar alguns aspectos do pensamento bergsoniano, sobretudo as discussões que dizem respeito à religião e à moral a partir dos termos sociedade fechada e religião estática que aparecem na obra As Duas Fontes da Moral e da Religião. Segundo Henri Bergson, a sociedade cumpre um papel definitivo na vida do indivíduo, é nela que ele encontra aquilo que poderá dar sentido a sua existência, são em suas estruturas que ele acha onde se agarrar e é para ela que ele dedica a obrigação. A vida, em seu percurso evolutivo, desencadeou duas variedades de sociedades que desenvolveram características bem distintas. Porém, o que estas sociedades ainda carregam de análogo é a dedicação em conservar-se. A sociedade, para Bergson, é comparada a um organismo que – como as células – são constituídas de partes ou estruturas que se unem para formar uma totalidade. Nela, o que unem essas partes são elos “invisíveis” que por diferentes graus hierárquicos submetem-se uns aos outros, possibilitando assim que tais partes atuem em favor do todo. Entretanto, o que a sociedade faz ao sugerir pequenos grupos nos quais alguns indivíduos se inserem é segregar instituições. Com isso, as leis criadas não abarcam a humanidade, mas apenas grupos específicos. Estas leis, portanto, são mutáveis e variáveis, a depender dos interesses dos grupos. A religião estática, neste sentido, exerce uma função significante na sociedade, uma vez que por ela vários discursos são legitimados em favor de um grupo, que em paralelo geram intolerância e rejeição a outros.
Palavras-chave: Sociedade fechada, religião estática.

Iranildes Oliveira Delfino [LUTO E MELANCOLIA: o vazio do mundo e o vazio do eu] Nesta comunicação buscaremos abordar como o psicanalista austríaco Sigmund Freud elabora uma consistente investigação sobre a alma humana na obra Luto e melancolia, tomando como ponto de partida o luto, para explicar a melancolia, que, embora nutra com esta última características muito próximas, desta difere em aspectos importantes. Partiremos, com Freud, de uma análise do luto, o qual, na concepção do médico, seria um estado natural do indivíduo, e, portanto, não careceria de tratamento específico. Afinal, sendo o luto um estado de espírito a que todo sujeito é suscetível, tal humor durará apenas um tempo específico. Desta maneira, o luto será inicialmente caracterizado como uma tristeza profunda pela perda de algo ou de alguém, não estando necessariamente relacionado à morte. No estado melancólico, por sua vez, os mesmos afetos do luto estarão envolvidos, porém, agora o objeto perdido não é externo e sim interno. Por isso, o indivíduo melancólico sente-se com a sua autoestima totalmente baixa. Esta sensação é crucial para a distinção entre o luto e a melancolia. Embora no estado de luto o sujeito esteja fragilizado, são as circunstâncias externas que interferem na vida do enlutado. Já no estado melancólico, são as ações internas que o afetam, que o levam ao extremo da tristeza profundo. Assim, procuraremos entender com Freud como estes dois sentimentos fazem parte da condição humana, na medida em que sofremos algum tipo de perda.
Palavras-chave: Freud, Luto, Perda, Melancolia

Yago dos Santos Itaparica de Moraes [A SELEÇÃO DAS IMAGENS PARA A REPRESENTAÇÃO EM MATÉRIA E MEMÓRIA, DE BERGSON] Esta comunicação objetiva explicar de que forma o filósofo Henri Bergson, autor do livro Matéria e Memória, concebe o modo como o corpo humano secciona imagens do mundo para o surgimento da representação. Esse livro será utilizado como aporte teórico para embasar as reflexões sobre a relação do corpo e o espírito, focando no papel do corpo para a seleção de imagens. Nesse sentido, destacaremos como foco principal o primeiro capítulo do livro, intitulado “Da seleção das imagens para a representação. O papel do corpo”. Como contraponto às idéias de Bergson, utilizaremos algumas ideias trazidas pelo filósofo René Descartes em sua epistemologia moderna. Bergson vê a filosofia cartesiana como uma teoria excessiva, pois, distancia a matéria do espírito, comparando-a à extensão geométrica, do ponto de onde ele concebe, a meio termo entre o racionalismo e o idealismo. Na filosofia bergsoniana o corpo humano é uma imagem que faz parte de um sistema de imagens, estando tal sistema interligado a uma imagem maior, a saber, o universo. No entanto, nosso corpo parece ocupar um lugar especial nesse sistema, o centro. É, pois, um centro de indeterminação, diferente dos objetos inanimados, tem a capacidade de locomover-se, agir sobre a influência de outras imagens, determinar ações possíveis, e, entre todas essas ações, escolher com quais irá interagir. Bergson concluirá, portanto, que o papel do corpo, isto é, de nossos órgãos sensoriais, seja o de delimitar a extensão da nossa percepção, circunscrevendo-a de modo a obscurecer o que não nos for interessante como fonte de ação. Capturamos assim a representação escolhida para a ação ou não ação, refletindo de volta como movimento executado.
Palavras-chave: Imagem; corpo; representação; ação.

PROGRAMAÇÃO

9h – Abertura do evento – Prof.ª Dr.ª Geovana da Paz Monteiro

9:15h – Palestra de abertura - Prof.ª Dr.ª Alice Macedo

10:15h – Intervalo para um café

10:30h – Comunicação 1 – Eliene Macedo: “Memória e esquecimento: breves considerações sobre os pensamentos de Agostinho e Freud”

11h – Comunicação 2 -  Iranildes Delfino: “Luto e melancolia: o vazio do eu e o vazio do mundo”

11:30h – Comunicação 3 -  Yago dos Santos Itaparica de Moraes: “A seleção das imagens para a representação em Matéria e memória, de Bergson”

12h – Intervalo para o almoço

14h – Comunicação 4 – Deise Cabral: “A moral do místico em Bergson”

14:30h – Comunicação 5 -  Eliene Ferreira: “Obrigação moral e conflitos religiosos: um olhar bergsoniano”

15h – Comunicação 6 – Rosa Ilana Santos: “A função social da religião estática no bergsonismo”

15:30h – Intervalo para um café

16h – Comunicação 7 – Geovana Monteiro: “A moral do riso em Bergson”

16:30h – Comunicação 8 – Rodrigo Silva Santos: “Felicidade e mal-estar na civilização”

17h – Comunicação 9 – Diego Grecco: “Psicopatia e neurose: dois caminhos de um pensar filosófico no campo literário”

17:30h – Palestra de encerramento - Prof.ª Dr.ª Denise Magalhães da Costa


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